Nas últimas semanas, o país tem enfrentado o pior momento desde o início da pandemia. Os recordes de contaminação e óbitos por conta do Coronavírus estão sendo batidos diariamente. O estado da Bahia, em quase toda territorialidade, está registrando também as maiores médias dos índices relacionados, resultando nas mais altas taxas de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Para os tucanenses, a realidade acompanha o preocupante cenário estadual.

A Secretária Municipal de Saúde, Denise Correia, explica que, na cidade, apenas a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – Covid-19, localizada em Caldas do Jorro, está habilitada para receber, examinar e estabilizar os pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado da doença. “A UPA Covid-19 não é um centro de tratamento, mas uma unidade para dar o primeiro atendimento aos pacientes de Tucano e de algumas cidades vizinhas”, informa.

A situação se torna mais complexa por conta da ocupação de leitos dos principais hospitais para os quais são transferidos os pacientes. “Temos pacientes aguardando por leitos, que estão ocupados por pacientes que esperam por transferências. A regulação hoje é um verdadeiro desafio na Bahia. A qualquer momento deve haver um real colapso no nosso sistema de saúde”, avalia a Secretária.

Gerson Andrade, enfermeiro da UPA, afirma que, na unidade, os profissionais são capacitados para atendimento com atenção aos protocolos disseminados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas há uma limitação de número de leitos, agravada com o avanço do Coronavírus. “Temos nove leitos no total. No entanto, equipados com recursos de UTI, com monitores e respiradores, são quatro. E justamente esses leitos são os necessários para pacientes acometidos por quadros mais complicados pela Covid-19”, esclarece.

Recentemente, o prefeito de Tucano, Ricardo Maia Filho, realizou uma visita à unidade de atendimento. O objetivo foi entender ainda mais o contexto dos pacientes e dos profissionais, avaliando criteriosamente as necessidades levantadas. “Nós vamos ampliar a quantidade de leitos no combate à pandemia na nossa cidade. Mas a gente precisa do apoio da população no respeito às medidas estaduais e municipais e nos protocolos que todos já sabem: isolamento social, uso de máscara e higienização das mãos. Já temos aplicado as vacinas e juntos vamos conseguir salvar cada vez mais vidas”, pondera.

O Diretor Médico da UPA Covid-19, Dr. Márcio Santos, celebra a futura ampliação de leitos da UPA, mas destaca que essa é uma ação que precisa de adesão coletiva para ser ainda mais efetiva. “Precisamos de uma conscientização coletiva. A procura por atendimento é maior que em qualquer período de 2020. E o que deixa-nos ainda mais preocupados é a mudança no perfil de atendimento. Se antes, essencialmente, os pacientes eram idosos ou pessoas com alguma comorbidade, hoje, é comum o internamento de pacientes saudáveis jovens e até crianças”, revela.

Números e variantes preocupam

Os principais números dessa semana registram recordes em Tucano. De acordo com a Secretaria de Saúde e a Vigilância Epidemiológica, são 197 casos ativos (pacientes com diagnóstico confirmado e ainda não apresentaram cura). Destes, 115 foram registrados somente nos últimos cinco dias.

 

Na última quinta-feira (4), a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia emitiu um comunicado sobre a identificação de variantes de Manaus e do Reino Unido no estado. Foram nove casos da cepa britânica e 17 da manauara. A variante funciona como uma evolução do vírus, que acaba desenvolvendo mecanismos para se tornar mais forte e mais transmissível. Para o Diretor de Saúde de Tucano, Victor Dias, termos identificado a versão da capital amazonense é uma situação que preocupa e, ao mesmo tempo, pode explicar o momento.

“Uma das cidades nas quais foi identificada a cepa de Manaus é Santa Luz, cidade a 70km da nossa. Alguns estudos já apontaram essa variante como uma potente versão do Coronavírus, capaz de reinfectar pacientes e aumentar significativamente a carga viral, facilitando o contágio e dificultando o controle, pois provoca um cenário em que maior quantidade de pessoas está contaminada ao mesmo tempo”, explica.

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