Moradores do povoado de Novo Horizonte fortalecem projeto de coleta seletiva na comunidade


Melhorar o tratamento do lixo em Tucano, buscando diminuir o volume de resíduos produzidos e cuidar do meio ambiente, tem sido uma das questões em destaque da gestão municipal. A coleta seletiva, por exemplo, foi implantada em fase inicial na sede, em Caldas do Jorro e Jorrinho, mas também é operada em povoados menores por meio de iniciativas da própria população. No povoado de Novo Horizonte, os moradores já vêm realizando esse trabalho desde 2011 e revertendo o dinheiro da venda dos materiais recicláveis em benfeitorias para a própria comunidade.

“Antigamente, nós não tínhamos um sistema de coleta de lixo regular, então o lixo produzido era deixado às margens da estrada, causando poluição. Aquilo me incomodava. Comecei a me mobilizar e abordei um rapaz que, certo dia, parou para almoçar no restaurante que eu tinha. Ele passava por alguns lugares recolhendo lixo reciclável. Combinei com ele para passar por aqui também e levar os resíduos para o tratamento adequado” conta a catequista da comunidade, Alessandra Gomes.

Ela teve a iniciativa de separar o lixo reaproveitável e, aos poucos, foi incentivando outros moradores a separarem o lixo. Em 2013, a associação comunitária foi criada e a causa passou ter mais ênfase no Novo Horizonte. A parceria junto à organização internacional Humana – Povo para Povo (que também realiza outros projetos sociais em Tucano) também foi importante para ampliar a ação e fortalecer, entre os jovens do local, a cultura de cuidado com o meio ambiente.

Benefícios para o local

A partir de 2016, o projeto de separação dos recicláveis foi levado pela associação comunitária para outros povoados e municípios, a fim de mostrar que, além de diminuir os impactos do lixo na natureza, a renda obtida por meio da revenda dos resíduos pode ser revertida em benefício dos próprios moradores. “Passamos pelo Cajueiro, Quijingue e Cansanção mostrando os resultados da reciclagem. Se cada comunidade se estruturar, os efeitos em prol do meio ambiente serão ainda mais significativos” conta Alessandra.

Desde o início da ação, já foram reciclados no Novo Horizonte 5.367 kg de material, entre ferro (643 kg), papelão (2.856 kg), plástico (1.397 kg), alumínio (471 kg), além de 610 garrafas de plástico ou vidro. Com o dinheiro da revenda, foi possível realizar manutenções e compras de bens comuns a todos os moradores.

“O dinheiro é pouco, porque ainda temos um intermediário na transação de coleta e venda, mas com isso já fizemos muito. Compramos tecido para as roupas das crianças do coral da igreja, compramos cimento e brita para fazer os bancos do parquinho, ajudamos na gasolina da moto que faz o recolhimento dos recicláveis na comunidade, contribuímos com medicação para um morador que precisava, entre outras coisas”, pontua Alessandra.

Para o Diretor Municipal de Meio Ambiente, Aguinaldo Bitencourt, a iniciativa faz toda a diferença na realidade dos moradores e pode ser levada a mais localidades do município. “Novo Horizonte tem cerca de 70 famílias e já conseguiu reaproveitar mais de cinco mil quilos de material. Se cada povoado ou distrito fizesse o mesmo, nós teríamos uma redução considerável na produção de lixo em Tucano e, consequentemente, um impacto positivo muito maior na natureza. O Conselho Municipal de Meio Ambiente é um meio de fomentar as discussões sobre essa possibilidade e buscar meios de viabilizar a iniciativa de Novo Horizonte para mais povoados”, diz o diretor.

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